sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O vento pode levar...




Muitas vezes o giro de Iansã é silencioso. Ela gira em silêncio e produz "o vento que a chuva traz". Iansã sempre leva o que tem que ser levado, às vezes emoções, às vezes coisas ou pessoas.

Qual umbandista nunca passou pela situação de uma saída de terreiro? Seja você quem saiu ou você quem viu sair, é sempre difícil.

Se você vai é difícil, pois talvez sua vida não permita mais essa presença. Você também pode ir pelo fato de o terreiro que te completava passar a não te tocar mais.

Se você é quem fica é difícil pela saudade da convivência e às vezes pelo problema causado pela ausência.

A situação de saídas e despedidas de corrente nos direcionam a pensar em três pontos:
1. o respeito;
2. a verdade de seu coração;
3. a centralização de tarefas.

Seja lá qual for o motivo da saída, os que foram sempre manterão respeito ao Babalaô ou Iaô, e à Casa como um todo, afinal fizeram parte de tudo aquilo que hoje somos.

Para os que ficam, sempre haverá o respeito aos que foram pois uma vez irmão de fé, sempre existirá vínculos, isso sobretudo é respeito.

Quando algo nos toca o coração e a mente sobre sair ou não sair temos que ter muita atenção e cuidado. Um terreiro é como uma banda e os trabalhadores são os dançarinos. A banda não pode mudar seu ritmo porque um dançarino perdeu a dança, e esse dançarino não pode exigir que a banda toda mude por ele, mesmo que ele tenha certeza que seu ritmo agora é outro. Na dúvida o jeito é mesmo pensar, é dar voz e ouvidos para o som da sua banda do coração. Admitir para si e para o outro que seu coração toca em outro compasso pode significar um novo mundo à sua volta...

Todos temos um toque de umbanda dentro de si, o bom é saber ouvir e encontrar uma banda que nos complete, porque para algumas questões da vida a simples dúvida já é um enorme problema.

Além de tudo isso, às vezes com a saída de uma pessoa nos desesperamos com o vácuo em determinada função no terreiro. E agora quem vai fazer a defumação? Quem vai fazer o padê?

A sábia saída sempre é aquela que nos previne e não a que nos desespera. Não podemos centralizar funções em nossos terreiros de modo que, se alguém faltar ou se alguém sair, o trabalho não ande.

As pessoas algumas vezes são sim insubstituíveis mas suas funções nunca são, isto porque cada indivíduo é único. Então vamos cuidar sempre da perpetuação das informações e das atividades, afinal de contas, a esteira que abraça meu ori, é a mesma que abraça o seu e de todos nós. Somos aqui dentro e dentro de qualquer congá, na frente de qualquer peji a mesma ferramenta simples e imperfeita de nossos amados guias e orixás!

Nos preparemos para tudo, Iansã sempre pode lavar e levar.

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